Recentemente, nos deparamos com uma situação que serve como uma alegoria perfeita para o dilema que muitos pais enfrentam ao lidar com as realizações acadêmicas de seus filhos. Um casal conhecido estava tentando incentivar seus filhos a adotar hábitos alimentares saudáveis, especificamente comendo mais legumes. Eles ofereceram um brinquedo novo para as crianças se elas comessem uma cenoura no jantar todos os dias por um período. No entanto, ao final do período, embora felizes com seus novos brinquedos, os filhos decidiram que nunca mais queriam ver cenouras. O plano de incentivar um amor por legumes saudáveis falhou.
Essa história ilustra um paradoxo fundamental quando pensamos em incentivar o bom comportamento em crianças. Podemos obter sucesso no curto prazo, mas será que isso realmente conduz a uma mudança duradoura e significativa?
Neste artigo, discutiremos a ideia de recompensar financeiramente os filhos por boas notas e os prós e contras que essa prática pode trazer.
Incentivos financeiros podem ter impacto
Uma das justificativas mais convincentes para pagar aos filhos por boas notas é que isso reflete o mundo adulto do trabalho. A maioria dos adultos recebe um salário pelo trabalho que faz e é incentivada a melhorar seu desempenho com a promessa de bônus, aumentos e outros benefícios. Portanto, argumenta-se que pode ser apropriado oferecer algum tipo de compensação monetária aos filhos por seus esforços acadêmicos.
De fato, algumas pesquisas indicam que esse tipo de incentivo pode ter efeito. De acordo com a Education Week, Roland Fryer, um economista de Harvard, conduziu uma série de experimentos na década de 2000, pagando um total de $6 milhões a mais de 18.000 estudantes em várias cidades dos EUA para incentivá-los a melhorar suas notas. Os resultados sugerem que recompensar os alunos por fatores que eles sentem que podem controlar (como o número de horas que passam estudando) pode ser mais eficaz do que recompensar por resultados específicos (como notas em testes).
Considere as diferenças individuais
No entanto, se os pais decidirem adotar incentivos financeiros, uma dificuldade adicional pode surgir ao lidar com mais de um filho na família. Se uma criança é naturalmente acadêmica e a outra luta com dificuldades de aprendizagem ou problemas de comportamento, recompensar o primeiro pelo que já é bom e não dar nada ao segundo pode criar ressentimentos e até mesmo ódio em relação à escola.
Da mesma forma, oferecer uma escala móvel de pagamento para cada criança pode ser problemático. O aluno de alto desempenho pode se ressentir de que seu irmão que enfrenta dificuldades recebe a mesma recompensa por notas ou resultados de testes inferiores. A chave é deixar claro que você está recompensando o esforço, não o resultado final.
Quando os incentivos falham
Apesar dos possíveis benefícios, o uso de recompensas financeiras pode ter resultados indesejados. Pesquisas sugerem que, ao receber incentivos, os alunos podem fazer apenas o mínimo necessário para alcançar a recompensa e depois perder o interesse. Este foi exatamente o problema que o casal enfrentou com seu “desafio da cenoura”.
Além disso, a comparação direta da escola com o trabalho também pode ter suas falhas. Ao contrário dos empregadores, as escolas não podem demitir alunos com baixo desempenho, nem têm acesso a uma gama de outras consequências negativas que um empregador pode usar para melhorar o desempenho dos funcionários. Com um incentivo, mas sem penalidades, os alunos podem ter uma compreensão distorcida do mundo do trabalho e podem se sentir confortáveis apenas não participando dos incentivos, pois não há consequências negativas reais para suas notas ruins.
Desenvolver um amor pelo aprendizado em alunos desengajados não é uma tarefa fácil. Mas o pagamento por boas notas não é o caminho certo para fomentar essa paixão. Uma abordagem mais eficaz pode ser encorajar os interesses individuais dos alunos e mostrar como o que eles estão aprendendo na escola se relaciona com esses interesses. Isso pode exigir mais esforço do que simplesmente distribuir dinheiro na época dos boletins, mas provavelmente terá resultados mais duradouros e significativos.
Conclusão: Devemos pagar por boas notas?
A tentação de usar incentivos para encorajar o bom comportamento não vai desaparecer tão cedo. É uma estratégia que pode funcionar a curto prazo, e às vezes os pais só precisam que seus filhos façam algo. No entanto, pagar aos filhos por boas notas nem sempre é a melhor maneira de incentivá-los a se envolverem com o trabalho escolar.
Se você está considerando pagar seus filhos pelo trabalho escolar, é importante garantir que todos os seus filhos entendam o que podem fazer para ganhar suas recompensas. Use pagamentos para incentivar comportamentos que eles têm controle sobre, e continue trabalhando para ajudá-los a ver a alegria do aprendizado.
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